Da Índia

Num rikshaw de Bombaim

Deixei a minha agenda pessoal esquecida num rikshaw. Dentro tinha uma estampa de S. Josemaria com relíquia. Andava a pedir-lhe a cura do meu pai, gravemente doente, além de muitas outras coisas. Estava com muita pena de a ter perdido mas parecia-me quase impossível recuperá-la. Estes veículos – os rikshaws – que funcionam como táxis são aos milhares na minha cidade, Bombaim. Ainda para mais os católicos aqui são uma minoria: quem iria preocupar-se com a estampa de um sacerdote católico?

No entanto, para minha grande surpresa, um dia apareceu no Instituto onde trabalho o condutor do rikshaw, graças à direção que encontrou na agenda. Uma pessoa tinha-lhe dado em tempos uma estampa igual explicando-lhe que era um santo que intercedia pelas nossas necessidades junto de Deus. Pensou, pois, que para mim seria valiosa e decidiu devolver-ma. Fiquei-lhe muito agradecida.

Conheci o fundador do Opus Dei há cinco anos. Quando Tarana, uma minha amiga hindu, me deu a primeira estampa de S. Josemaria, nunca pensei que esse sacerdote viria a ser tão importante na minha vida.

Desde há tempo que andava à procura de um emprego e, quando li no texto da oração que tinha fundado um ‘caminho de santificação no trabalho profissional’, disse-lhe, “e por que não me ajudas a encontrar um?”.

E encontrou-mo. Chamaram-me para uma entrevista num Instituto de espanhol onde continuo a trabalhar até hoje como Relações públicas. Estou certa que S. Josemaria teve muito a ver com isto porque, passado algum tempo, soube que uma das pessoas que trabalha nesse mesmo instituto tinha dado à minha amiga Tarana uma estampa para que ela ma desse a mim.

Com o exemplo dessa companheira e graças também aos escritos de S. Josemaria, aprendi a oferecer o meu trabalho a Deus e por isso procuro fazê-lo cada vez melhor. Dei-me conta de que, embora tivesse a sorte de ter nascido numa família católica, sabia muito pouco sobre a minha fé e comecei a assistir a palestras de formação cristã. Com o passar do tempo descobri a minha vocação para o Opus Dei, e há dois anos pedi a admissão como supranumerária.

São Josemaria não deixou de me ajudar em coisas pequenas e grandes. Sinto que lhe devo a vida. Durante a época das monções na Ásia costuma chover bastante, mas há muito tempo que não chovia como o ano passado. Por causa dessas fortes tempestades morreram milhares de pessoas na Índia e outras perderam as casas. Numa dessas tardes tomei o autocarro como sempre. A chuva era muito, muito forte e passados poucos minutos tivemos de parar porque começou a entrar água. O nível subia e não podíamos fazer nada. As portas do autocarro estavam bloqueadas pela pressão da água e não se conseguiam abrir. Passamos a noite ali. Rezei durante todo o tempo a São Josemaria, mas não me vinha à cabeça como evitar que nos acontecesse o pior. Quando a água estava a alcançar um nível verdadeiramente perigoso… parou de chover.