Jerusalém: Via Dolorosa

Ao longo dos séculos, multidões de cristãos contemplaram a morte redentora de Jesus na cruz e a Sua ressurreição: o mistério pascal, que está no centro da nossa fé. Com a passagem do tempo, a meditação daqueles fatos originou algumas devoções. Entre elas está a prática da via sacra.

Queres acompanhar Jesus de perto, muito de perto?... Abre o Santo Evangelho e lê a Paixão do Senhor. Mas ler só, não: viver. A diferença é grande. Ler é recordar uma coisa que passou; viver é achar-se presente num acontecimento que está ocorrendo agora mesmo, ser mais um naquelas cenas[1].

Ao longo dos séculos, foi assim que os santos – e, com eles, muitos cristãos – contemplaram a morte redentora de Jesus na cruz e a sua ressurreição: o mistério pascal, que está no centro da nossa fé[2].

Com o passar do tempo, a meditação sobre esses eventos fixou-se em algumas devoções, entre as quais se destaca a Via-Sacra.

Como sabemos, este exercício consiste em considerar com espírito de compunção e compaixão a última e mais dolorosa parte dos sofrimentos do Senhor, acompanhando-O espiritualmente no caminho que percorreu, carregando a Cruz, desde o Pretório de Pilatos até ao Calvário, e aí, desde que foi pregado no patíbulo até ser depositado no Sepulcro.

A prática da Via Sacra fundamenta-se na veneração pelos Santos Lugares, onde não era necessário imaginar os cenários da Paixão, já que estavam à vista e eram percorridos fisicamente. Uma lenda piedosa – recolhida em De transitu Mariae, um apócrifo siríaco do Século V – conta que a Virgem Santíssima caminhava diariamente pelos lugares onde o seu Filho tinha sofrido e derramado o seu sangue[3].

Chegou a nós – através de São Jerônimo – o testemunho da peregrinação à Palestina que a nobre Santa Paula realizou entre os anos 385 e 386: em Jerusalém, “visitava com grande fervor e empenho todos os lugares, de tal modo que, como não tinha pressa para ver os outros, não se conseguia arrancá-la dos primeiros. Prostrada perante a cruz, adorava o Senhor como se O estivesse a ver cravado nela. Entrou no sepulcro da Anastasis e beijava a pedra que o anjo daí tinha removido. O próprio lugar em que o Senhor tinha jazido, acariciava-o com a boca, tal a sua fé, como alguém sedento que encontrou as águas desejadas. Quantas lágrimas derramou ali, quantos gemidos de dor, testemunhou-os toda a Jerusalém, testemunhou-os o Senhor a quem orava”[4].

Também conhecemos bastantes detalhes de algumas cerimônias litúrgicas que se realizavam em Jerusalém na mesma época, graças à peregrina Egéria, que visitou a Terra Santa no final do século IV. Muitas consistiam na leitura dos relatos evangélicos relacionados com cada lugar, a recitação de alguns salmos e o canto de hinos. Além disso, ao descrever as cerimônias sagradas de Quinta e Sexta-Feira Santas, narra que os fiéis iam em procissão desde o Monte das Oliveiras até ao Calvário: “se vai até à cidade a pé, com hinos, e chega-se à porta naquela hora em que um homem quase começa a reconhecer o outro; daí, no interior da cidade, todos, sem exceção, os mais velhos e os mais moços, ricos e pobres, todos aí preparados; ninguém volta das vigílias nesse dia até de manhã. Assim, o Bispo é conduzido desde Getsêmani até à porta, e, daí, por toda a cidade, até à Cruz”[5].

Segundo outros testemunhos posteriores, parece que se foi definindo pouco a pouco o caminho pelo qual Jesus tinha passado através das ruas de Jerusalém, ao mesmo tempo em que também se determinavam as Estações, quer dizer, os lugares onde os fiéis se detinham para contemplar cada um dos episódios da Paixão. Os Cruzados – nos séculos XI e XII – e os Franciscanos – a partir do século XIV – contribuíram em grande medida para fixar essas tradições. Deste modo, na Cidade Santa, durante o Século XVI já se seguia o mesmo itinerário que se percorre atualmente, conhecido como Via Dolorosa, com a divisão em catorze estações.

A partir de então, fora de Jerusalém estendeu-se o costume de estabelecer a Via Sacra para que os fiéis considerassem essas cenas, à imitação dos peregrinos que iam pessoalmente à Terra Santa: difundiu-se primeiro em Espanha – graças ao Beato Álvaro de Córdoba, dominicano – e, daí, passou à Sardenha, e mais tarde ao resto da Europa. Entre os divulgadores desta devoção, São Leonardo de Porto Maurício ocupa um lugar destacado: de 1731 a 1751, no decurso de umas missões em Itália, erigiu mais de 570 Vias Sacras; e quando Bento XIV quis colocar a do Coliseu, em 27 de Dezembro de 1750, foi ele o pregador durante a cerimônia. Os Romanos Pontífices também fomentaram esta prática piedosa concedendo indulgências aos que a realizam.

A contemplação dos padecimentos do Senhor leva ao arrependimento dos próprios pecados, fomentando o desagravo e a reparação. Quando as cenas se revivem na Via Dolorosa, a proximidade pode ajudar a que a alma se inflame ainda mais no amor a Deus. É, certamente, impossível saber se esse itinerário coincide com o trajeto exato do Senhor, pois o traçado das ruas, em linhas gerais, data da reconstrução romana de Jerusalém realizada no tempo de Adriano, no ano 135. Seria necessária uma investigação arqueológica que atingisse o nível da cidade na primeira metade do século I, e nem sequer assim se resolveriam todas as interrogações. Fora esta falta de certeza, a Via Dolorosa é a Via Sacra por excelência, a que os cristãos percorreram durante séculos. Quanto às catorze estações, a maioria foi tirada diretamente do Evangelho, e outras chegaram a nós através da tradição piedosa do povo cristão. Vamos segui-las pela mão de São Josemaria, que as meditou com particular vivacidade.

Um círculo de metal mostra o lugar de cada estação. O primeiro fica no exterior da escuela islámica de El-Omariye.

I estação: Jesus é condenado à morte

Todas as sextas-feiras, às três da tarde, se celebra em Jerusalém uma procissão que percorre a Via Dolorosa. Preside-a o Custódio de Terra Santa ou alguém que o represente, acompanhado por numerosos peregrinos, fiéis residentes em Jerusalém e frades franciscanos. O ponto de partida é o pátio da escola islâmica de El-Omariye, situada no ângulo noroeste da esplanada do Templo. Como no século I se elevava ali a torre Antônia, que acolhia a guarnição romana aquartelada na cidade, tradicionalmente se identifica com o pretório onde se realizou o julgamento de Jesus ante o governador Pôncio Pilatos.

Está para se pronunciar a sentença. Pilatos zomba: Ecce rex vester! (Jo 19,14), eis o vosso rei. Os pontífices respondem enfurecidos: Não temos outro rei senão César (Jo 19,15).
Senhor! Onde estão os teus amigos? Onde os teus súditos? Deixaram-Te. É uma debandada que dura há vinte séculos... Fugimos todos da Cruz, da tua Santa Cruz.
Sangue, angústia, solidão e uma insaciável fome de almas... são o cortejo da tua realeza
[6].

Fachada da igreja da flagelação, que fica junto da segunda estação.

II estação. Jesus toma a Sua Cruz

Saindo da escola e atravessando a Via Dolorosa, chega- se ao convento franciscano da Flagelação. Trata-se de um complexo construído em torno a um amplo claustro, com o Studium Biblicum Franciscanum à frente e duas igrejas aos lados: à direita, a da Flagelação, reconstruída em 1927 sobre as ruínas de outra do século XII; e à esquerda, a da Condenação, levantada em 1903. No muro exterior desta igreja, na rua, está marcada a segunda estação: Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota)[7].

Como se fosse para uma festa, prepararam um cortejo, uma longa procissão. Os juízes querem saborear a sua vitória com um suplício lento e desapiedado. Jesus não encontrará a morte num abrir e fechar de olhos... É-lhe dado algum tempo para que a dor e o amor continuem a identificar-se com a Vontade amabilíssima do Pai[8].

Um pouco mais adiante, a Via Dolorosa cruza um arco de meio ponto com um corredor construído por cima. É conhecido popularmente como o arco do Ecce Homo, e recorda o lugar onde Pilatos apresentou Jesus ao povo depois da flagelação e da coroação de espinhos. Na realidade, é o vão central de um arco de triunfo do qual se conserva também a porta do lado norte, no interior do convento das Damas de Sião: é o retábulo na basílica do Ecce Homo, terminada no século XIX.

Do mesmo modo que esse elemento se considerava pertencente à torre Antônia, vários enlousados de pedra na mesma zona costumavam identificar-se com o lugar chamado Litóstrotos[9]. São visíveis principalmente na igreja da Condenação e no convento das Damas de Sião. Com efeito, tanto o arco como os pavimentos são de origem romana, mas haveria que datá-los algo mais tarde, na época de Adriano.

Quando se percorre a Via Dolorosa, ao passar por este ponto vem à mente o muito que Cristo tinha sofrido já antes de carregar a cruz: E Pilatos, desejando contentar o povo, solta-lhes Barrabás e manda açoitar Jesus.
Atado à coluna. Cheio de chagas.
Ouvem-se os golpes dos azorragues na sua carne rasgada, na sua carne sem mancha, que padece pela tua carne pecadora. - Mais golpes. Mais sanha. Mais ainda... É o cúmulo da crueldade humana.
Por fim, rendidos, desprendem Jesus. E o corpo de Cristo rende-se também à dor e cai, como um verme, truncado e meio morto
[10].

Depois levam o meu Senhor ao pátio do pretório, e ali convocam toda a coorte (Mc 15, 16). - A soldadesca brutal desnudou a sua carne puríssima. - Com um farrapo de púrpura, velho e sujo, cobrem Jesus. - Por cetro, uma cana na mão direita...
A coroa de espinhos, cravada a marteladas, faz d’Ele um Rei de comédia... Ave Rex iudaeorum! - Salve, Rei dos judeus (Mc 15, 18). E, à força de pancadas, ferem-Lhe a cabeça. E esbofeteiam-nO... e cospem n’Ele.
Coroado de espinhos e vestido com andrajos de púrpura, Jesus é mostrado ao povo judeu: Ecce homo! Aí tendes o homem. E de novo os pontífices e seus ministros rompem aos gritos, clamando: - Crucifica-O!, crucifica-O! (Jo 19, 5-6)
[11].

Estremece o coração ao contemplar a Santíssima Humanidade do Senhor feita uma chaga (...).
Olha para Jesus. Cada rasgão é uma censura; cada açoite, um motivo de dor pelas tuas ofensas e pelas minhas
[12].

Na terceira estação há uma capela do Patriarcado Armênio católico

III estação. Jesus cai pela primeira vez

A Via Dolorosa continua em ligeira descida até se cruzar com uma rua que vem da porta de Damasco; chama-se El-Wad —o vale— e segue o antigo leito da torrente do Tiropeon. Virando à esquerda, quase na esquina, encontra-se uma pequena capela, pertencente ao Patriarcado Armênio católico, com a terceira estação.

O corpo extenuado de Jesus cambaleia já sob a Cruz enorme. De seu Coração amorosíssimo mal chega um alento de vida aos membros chagados.
À direita e à esquerda, o Senhor vê essa multidão que anda como rebanho sem pastor. Poderia chamá-los um por um, pelos seus nomes, pelos nossos nomes. Ali estão os que se alimentaram na multiplicação dos pães e dos peixes, os que foram curados de suas doenças, os que Ele ensinou, junto do lago e na montanha e nos pórticos do Templo.
Uma dor aguda penetra na alma de Jesus, e o Senhor desaba extenuado.
Tu e eu não podemos dizer nada: agora já sabemos porque pesa tanto a Cruz de Jesus. E choramos as nossas misérias e também a tremenda ingratidão do coração humano. Nasce do fundo da alma um ato de contrição verdadeira, que nos tira da prostração do pecado. Jesus caiu para que nós nos levantássemos: uma vez e sempre
[13].

A terceira estação e a quarta estão pegadas e pertencem ao Patriarcado Armênio católico. Firma: J. Paniello.

IV estação. Jesus encontra Sua Mãe Santíssima

Avançando poucos metros, chega-se à quarta estação, onde há uma igreja, também dos armênios, em cuja cripta há adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento. Nossa Senhora não abandona o Seu Filho durante a Paixão; de fato, a encontraremos mais adiante no Gólgota.

Acabava Jesus de se levantar da primeira queda, quando encontra sua Mãe Santíssima, junto do caminho por onde Ele passa.
Com imenso amor, Maria olha para Jesus, e Jesus olha para sua Mãe; os olhos de ambos se encontram, e cada coração derrama no outro a sua própria dor. A alma de Maria fica submersa em amargura, na amargura de Jesus
Cristo (...). Na obscura soledade da Paixão, Nossa Senhora oferece a seu Filho um bálsamo de ternura, de união, de fidelidade; um sim à Vontade divina.
Levados pela mão de Maria, tu e eu queremos também consolar Jesus, aceitando sempre e em tudo a Vontade de seu Pai, do nosso Pai [14].

Retábulo da Quinta Estação.

V estação. Simão Cireneu ajuda Jesus a levar a Cruz

Em seguida deixa-se a rua de El-Wad e vira-se à direita, para tomar de novo a Via Dolorosa. Este tramo é muito característico da Cidade Velha: estreito e empinado, com escadas de poucos em poucos passos e numerosos arcos que cruzam a rua por cima, unindo os edifícios dos dois lados. Logo no início, à esquerda, há uma capela que já no século XIII era dos franciscanos, onde se recorda a quinta estação: requisitam um homem que vinha de uma granja, chamado Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, e forçam-no a levar a cruz de Jesus (cfr. Mc 15, 21).
No conjunto da Paixão, é bem pouco o que representa esta ajuda. Mas a Jesus basta um sorriso, uma palavra, um gesto, um pouco de amor para derramar copiosamente a sua graça sobre a alma do amigo(...). Às vezes, a Cruz aparece sem a procurarmos: é Cristo que pergunta por nós. E se por acaso, perante essa Cruz inesperada, e talvez por isso mais escura, o coração manifesta repugnância..., não lhe dês consolos. E, cheio de uma nobre compaixão, quando os pedir, segreda-lhe devagar, como em confidência: "Coração: coração na Cruz, coração na Cruz!"
[15].

Coluna junto à sexta estação. Firma: Leobard Hinfelaar.

VI estação. Uma piedosa mulher enxuga a face de Jesus

Pouco sabemos desta mulher. Uma tradição baseada em textos apócrifos identifica-a com a hemorroíssa de Cafarnaum, chamada Berenice; ao traduzir-se o seu nome para latim, converteu-se em Verônica. Na Idade-Média a casa foi localizada aqui, na metade da rua, onde hoje existe uma pequena capela com entrada direta desde a Via e uma igreja greco-católica em cima.

Uma mulher, de nome Verônica, abre caminho por entre a multidão, levando um véu branco dobrado, com o qual limpa piedosamente o rosto de Jesus. O Senhor deixa gravada a sua Santa Face nas três partes desse véu.
O rosto bem-amado de Jesus, que sorrira às crianças e se transfigurara de glória no Tabor, está agora como que oculto pela dor. Mas esta dor é a nossa purificação; esse suor e esse sangue que embaçam e esfumam as suas feições, a nossa limpeza.
Senhor, que eu me decida a arrancar, mediante a penitência, a triste máscara que forjei com as minhas misérias... Então, só então, pelo caminho da contemplação e da expiação, a minha vida irá copiando fielmente os traços da tua vida. Ir-nos-emos parecendo mais e mais contigo.
Seremos outros Cristos, o próprio Cristo, ipse Christus
[16].

A capela da sétima estação, que está dividida em dois ambientes, também é propriedade da Custódia da Terra Santa. Firma: Israel Tourism (Flickr).

VII estação. Jesus cai pela segunda vez

Ao final da subida, a Via Dolorosa desemboca no Khan ez-Zait (o mercado do óleo), o animado e populoso mercado a que se entra pela porta de Damasco. Delimita os bairros muçulmano e cristão, e coincide com o antigo Cardo Massimo, a rua principal da Jerusalém romana e bizantina. A sétima estação encontra-se no cruzamento, onde há uma capelinha propriedade dos franciscanos.

Jesus cai pelo peso de madeiro... Nós, pela atração das coisas da terra.
Prefere sucumbir a soltar a Cruz. Assim sara Cristo o desamor que a nós derriba
[17].

No lugar da oitava estação, há uma pedra redonda de pequenas dimensões, com uma cruz e uma inscrição lavradas: Jesus Cristo vence. Firma: Alfred Driessen.

VIII estação. Jesus consola as filhas de Jerusalém

A poucos metros do lugar da segunda queda, tomando a rua de São Francisco, que sobe em direção oeste e prolonga a Via Dolorosa, chega-se à oitava estação.

Entre a multidão que contempla a passagem do Senhor, há algumas mulheres que não podem conter a sua compaixão e prorrompem em lágrimas (...). Mas o Senhor quer dirigir esse pranto para um motivo mais sobrenatural, e as convida a chorar pelos pecados, que são a causa da Paixão e que hão de atrair o rigor da justiça divina:
Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, mas chorai por vós e pelos vossos filhos... Porque, se assim se trata o lenho verde, que se fará com o seco? (Lc 23, 28. 31).
Os teus pecados, os meus, os de todos os homens, põem-se em pé. Todo o mal que fizemos e o bem que deixamos de fazer. O panorama desolador dos delitos e infâmias sem conta, que teríamos cometido se Ele, Jesus, não nos tivesse confortado com a luz do seu olhar amabilíssimo.
Que pouco é uma vida para reparar tudo isso!
[18]

Desde a nona estação, pode-se chegar ao pátio da basílica do Santo Sepulcro através do terraço do convento etíope. Firma: Marie-Armelle Beaulieu/CTS.

IX estação. Jesus cai pela terceira vez

Para ir à nona estação, talvez antigamente houvesse uma passagem mais direta, mas hoje em dia é necessário voltar atrás até Khan ez-Zait, segui-lo uns metros na direção sul, e subir uma escadaria que se abre no lado direito da Via. No final de uma viela, uma coluna marca o local da terceira queda. Está colocada numa esquina, entre um acesso ao terraço do convento etíope e a porta da igreja copta de Santo Antônio.

O Senhor cai pela terceira vez, na ladeira do Calvário, quando faltam apenas quarenta ou cinquenta passos para chegar ao cimo. Jesus não se tem em pé: faltam-Lhe as forças e, esgotado, jaz por terra[19].

Agora compreendes como fizeste sofrer Jesus, e te enches de dor: que simples pedir-Lhe perdão e chorar as tuas traições passadas! Não te cabem no peito as ânsias de reparação!
Muito bem. Mas não esqueças que o espírito se penitência consiste principalmente em cumprir, custe o que custar, o dever de cada instante
[20].

O lugar onde se recorda a última queda do Senhor fica a poucos metros da basílica do Santo Sepulcro. De fato, as últimas cinco estações da Via Dolorosa encontram-se no seu interior. Para lá ir, una opção é voltar ao mercado e percorrer algumas ruas até chegar à praça que se abre em frente à entrada, na fachada sul; é o itinerário habitual da procissão das sextas-feiras. A outra opção, mais curta, consiste em cruzar o terraço do convento etíope — que, por sua vez é a cobertura de uma das capelas inferiores da basílica —, e descer atravessando o edifício, que tem uma saída direta para a praça, junto ao lugar do Calvário.

Meditaremos os próximos momentos da Paixão no artigo sobre o Santo Sepulcro.


[1] Via Sacra, IX estação, ponto 3.

[2] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 571.

[3] Cf. Dictionnaire de spiritualité, II, col. 2577.

[4] São Jerônimo, Epitaphium sanctae Paulae, 9.

[5] Itinerarium Egeriae, XXXVI, 3 (CCL 175, 80).

[6] Via Sacra, I estação, ponto 4.

[7] Jo 19, 17.

[8] Via Sacra, II estação, ponto 2.

[9] Jo 19, 13.

[10] Santo Rosário, 2º mistério doloroso

[11] Santo Rosário, 3º mistério doloroso

[12] Via Sacra, I estação, ponto 5

[13] Via Sacra, III estação

[14] Via Sacra, IV estação

[15] Via Sacra, V estação

[16] Via Sacra, V estação

[17] Via Sacra, VII estação, ponto 1

[18] Via Sacra, VIII estação

[19] Via Sacra, IX estação

[20] Via Sacra, IX estação, ponto 5